Por Rodrigo Araújo
Criar novos hardwares e softwares para deixar as cidades portuguesas mais inteligentes. Este foi o desafio proposto este ano por professores do Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes (ISMAT) em Portimão, aos alunos do curso de Engenharia Informática, e que foi prontamente aceito por equipas da instituição. Uma delas, composta por académicos do segundo ano do curso, já está com o trabalho bastante avançado e deve apresentar um protótipo do projeto VybMe Bike ainda este ano.
“Nosso projeto consiste em criar um meio de orientação que sirva para adeptos do turismo de aventura. Por exemplo, pessoas que fazem passeios de bicicleta, ou de caminhada, e não conhecem os percursos, geralmente usam um telemóvel com orientação em GPS. O problema é que sempre precisam consultar o dispositivo visualmente, ou seja, a pessoa desvia a atenção do percurso e, numa fração de segundos, pode acontecer um acidente”, comentam os alunos Ricardo Fortuna, Diogo Fernandes e Rafael Rio, integrantes da equipa.
O projeto dos três académicos ficou em segundo lugar na 4ª edição do NET ME UP, evento de pitching & networking organizado pelo Turismo de Portugal e os Territórios Criativos, em parceria com a Algarexperience, Algarvesunboattrips e o GEN Portugal. O encontro teve o objetivo de alavancar e apoiar empreendedores e startups ligadas ao turismo, preferencialmente instaladas no Baixo Alentejo e Algarve. Os estudantes apresentaram os seus projetos a potenciais parceiros, mentores e clientes.
Para a coordenadora do projeto VybMe Bike, a professora doutora do curso de Engenharia Informática do ISMAT, Ana Lima, a conquista do segundo lugar no NET ME UP foi o reconhecimento do método atualmente utilizado na instituição. “Utilizamos a metodologia ativa, na qual o aluno é protagonista daquilo que ele irá criar. Então, durante o curso de Engenharia Informática o aluno é incentivado a ter como motor principal a inovação tecnológica. Eles são incentivados a pensar em novos métodos de construção de software para criarem projetos que possam ter impacto social”, afirma.
Ana Lima explica que, este ano, os alunos do ISMAT estão com o desafio de fazer das cidades portuguesas, principalmente as do Algarve, exemplos de smart cities na área do turismo. “A partir disso, diversos projetos bem interessantes foram criados pelos estudantes. São novas ideias para restaurantes, prática de desporto, incentivo à mobilidade turística para excursões. Enfim, projetos com alto teor de inovação”, comenta.
A professora reforça que a metodologia aplicada no ISMAT é fruto de uma nova abordagem tecnológica que vem sendo utilizada nos países mais criativos. “Nossa proposta é criar novos talentos que pensem fora do quadrado. Incentivar a criatividade tecnológica dos nossos alunos para que sejam profissionais capacitados e disputados no mercado mundial. E isso termina despertando o que há de melhor neles. Os alunos do projeto VybMe Bike, por exemplo, ficaram surpresos com a premiação e com o impacto que a ideia deles pode causar no turismo de Portugal”, revela.
O PROJETO VYBME BIKE
O projeto VybMe Bike é uma “pivotagem” de um projeto já executado pela professora Ana Lima: o “VybMe”. Chama-se de pivotagem o redirecionamento de um projeto sem abandonar a ideia original. No caso do VybMe, a tecnologia desenvolvida foi pensada para ajudar atletas com deficiência visual a participarem de competições sem a ajuda do guia humano.
“Criamos braceletes eletrônicos que orientam o corredor, através da vibração dos dispositivos, durante as provas de corrida. A partir daí, os alunos do ISMAT redefiniram a ideia para ajudar pessoas que praticam turismo de aventura em Portugal e criaram o VybMe Bike. Chegaram a um modelo de luvas que também usará a vibração para guiar os utilizadores, deixando outros sentidos como visão e audição livres”, afirma Ana Lima.
Os alunos do ISMAT já fizeram um estudo de mercado, incluindo definição das personas, estudo de potencial de vendas para a Europa, com uma especificidade para Portugal. A equipa apresentou, no último dia 9 de novembro, um PITCH para a startup Portimão, onde foi demonstrada a ideia em 5 minutos contendo a problemática, o que o projeto vai resolver, o impacto dele na vida das pessoas, da onde nasceu a ideia e qual o potencial de mercado.
Os estudantes mostraram a problemática considerando a segurança como principal destaque, porque quando usa-se o telemóvel há um momento de distração. Eles mostraram diversos acidentes, por exemplo, em provas de ciclismo, pois o GPS fica no guidão e quando o ciclista consulta o dispositivo visualmente ele perde a atenção total na via. Ou seja, o VybMe Bike é uma tecnologia para propor segurança para quem pratica o desporto.
Como parte do trabalho de viabilidade, a equipa do ISMAT entrevistou pessoas que praticam ciclismo turístico e elas falaram que pagariam entre 150 euros a 200 euros em um dispositivo que lhes oferecessem segurança. É um valor importante para o produto, o que confere-lhe um grande potencial de mercado.
Neste momento, os alunos estudam duas alternativas: a instalação de um dispositivo no guidão, que pode ser recarregado por energia cinética gerada pela própria bicicleta, e a confecção de luvas com costuras eletrónicas. “Nesta fase, estamos testando para ver qual é o melhor hardware em termos de viabilidade e de aceitação do público. Faremos uma primeira experiência em breve. Acreditamos que teremos um protótipo até o Natal deste ano e ele será apresentado aqui em Portugal”, revela Ana Lima.
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