Voltamos a falar, no artigo desta semana, sobre blends de café. Agora, vamos orientar o caro leitor a fazer o próprio blend, em casa, usando grãos selecionados e técnicas específicas para conseguir o melhor da bebida.
Primeiro de tudo, e fundamental para o aprendizado: tenha sempre em mãos papel e caneta para anotar todo o processo, pois serão tuas anotações que vão aperfeiçoar tuas receitas. Registre tudo, desde os tipos de grãos selecionados, os processos, as medidas, o tempo, enfim, tudo o que possa influenciar no resultado final.
Então chegou a hora de começar a “pensar” o blend. Tenha em mente que uma boa receita requer planejamento e isso inclui ter uma meta a ser atingida. Por exemplo: defina os aromas e sabores que gostavas de chegar ao final e estude quais os tipos de grãos que podem te dar o resultado esperado.
Se queres chegar a uma bebida suave, doce, de acidez mediana e notas frutadas, por exemplo, estude e anote quais os grãos correspondentes e escolha de dois a quatro tipos de café para fazer o teu blend.
Importante entender que nem sempre se acerta na primeira tentativa. Em alguns casos, terás que mudar toda a receita por conta de algum erro nas medidas, mas, por outro lado, podes ter uma grata surpresa ao chegar a um resultado maior que a expectativa. Ou seja: a prática leva à perfeição.
Voltando ao exercício de montar o teu blend, pegue os grãos selecionados e prepare cada um em chávenas distintas, já com as proporções pré-definidas de acordo com as características que pensastes para o blend.
Derrame um pouco de cada café em uma chávena em separado e prove a bebida. Nesse momento, é fundamental acompanhar as anotações e usar as medidas pré-estabelecidas no planeamento. E lembre-se: os critérios de medidas são definidos por ti dentro da tua meta. Teste as várias possibilidades e combinações até chegar à bebida ideal.
Agora é a vez da moagem e preparo final. Pegue os grãos selecionados (nas suas devidas proporções) e misture-os em um pote. Defina a moagem ideal para o seu método de extração e prepare a bebida. Seu blend ainda pode exigir algumas correções, mas isso só será observado com frequentes extrações e provas. Experimente, avalie e melhore a receita, sempre anotando as mudanças ao longo do preparo.
Uma observação importante: nesta fase de arranque, é melhor trabalhar com os grãos já torrados, e isso se consegue fácil em várias coffee houses. A torrefação é um processo complexo porque cada grão tem suas próprias características e, no caso de torrar vários grãos juntos, alguns podem perder suas propriedades únicas, o que vai interferir negativamente no resultado final.
Uma coisa é certa: a cultura do café de terceira geração é algo fascinante, uma verdadeira alquimia de aromas e sabores. Um universo a ser explorado pelo resto da vida. Aventure-se!

*Rodrigo Araújo é jornalista e entusiasta do café de especialidades.