O poder do blend de café | OPINIÃO – *Rodrigo Araújo

Já falamos aqui na coluna “O BOM CAFÉ” das duas principais espécies de cafeeiro (arábica e robusta) e citamos que a combinação das duas resulta em interessantes blends. Mas o que vem a ser um blend de café?

Em inglês, a palavra blend significa mistura, ou seja, no caso do café, são combinações planejadas de diversos grãos para chegar a um resultado final que satisfaça os paladares mais exigentes. Baristas profissionais dominam essa técnica de mesclar os grãos, antes ou depois de torrar o café, para obter a melhor bebida em termos de aromas e sabores.

Do café arábica, por exemplo, é possível extrair uma bebida com notas mais complexas, mais acidez e doçura. Adiciona-se a essas características as propriedades do café robusta, que é bem mais encorpado e rico em cafeína. O resultado vai depender dos tipos de grãos selecionados, das técnicas de pré-torra, ou pós-torra, da moagem e do preparo final da bebida.

Há quem prefira os cafés de origem única por causa das  características exclusivas de seu terroir. Mas blends bem elaborados têm o poder de criar a identidade de uma marca. Isso é possível porque cada blend reúne grãos distintos com o objetivo de chegar a um novo sabor.

E o que causa fascínio nos blends de café são justamente as variedades de bebida que você consegue obter combinando os vários tipos de técnicas. A mais comum é o Blend de duas espécies, no caso, o mix do café arábica com o café robusta.

Mas podes utilizar as dezenas de variedades da espécie arábica e mesclá-las para conseguir resultados excelentes. Um exemplo muito utilizado é a combinação de grãos do tipo catuaí vermelho com grãos do café mundo novo.

Também é possível conseguir ótimos blends combinando subvariedades, como a mescla do tipo bourbon vermelho com o bourbon amarelo, por exemplo. Ou mesmo usar grãos produzidos em diferentes regiões, combinando terroir de cafés que são distintos pelo seu plantio (condições de solo, clima, irrigação, etc).

Se preferir usar uma técnica mais apurada, podes ainda preparar um  Blend entre processos pós-colheita, pois existem 3 maneiras de tratar os grãos depois que eles saem da lavoura e cada processo destaca certas características na bebida final, como doçura, acidez ou notas florais.

São eles: o processo natural, que deixa os grãos secarem ao sol naturalmente; o processo de descascar o fruto, quando tira-se a casca do café antes de secar o grão); e o processo lavado, no qual os frutos do cafeeiro ficam até dois dias de molho e vão para a secagem já sem polpa.

Enfim, a prática de produzir blend de café é uma nova fase para os amantes da bebida que buscam cada vez mais conhecimento, acesso a métodos, grãos de todo tipo e uma vontade enorme de descobrir novos aromas e sabores, consolidando todo o processo em uma experiência única.

Para o mercado, é uma nova fase de preocupação com a produção sustentável, onde a busca da máxima qualidade do café une-se à questões ambientais e sociais, agregando maior valor ao produto final.

No artigo da próxima semana, vamos dar dicas de como criar ótimos blends de café em casa.

Até a próxima!

*Rodrigo Araújo é jornalista e entusiasta do café de especialidades.

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