O café é uma das bebidas mais populares do mundo e está presente na vida de muitas pessoas desde o amanhecer (no pequeno almoço) até o final do dia, com paradas regulares para o tradicional “cafezinho” ao longo do período. Mas, de onde vem essa mania mundial de beber café?

Se puxarmos pelo fio da história, vamos encontrar menções sobre a cultura do café em antigos manuscritos datados de 575 d.C., no Iêmen (na Arábia), onde era comum o consumo da fruta do cefeeiro in natura. Vale lembrar que a bebida que saboreamos é feita a partir das sementes desta fruta, ou seja, os grãos do café.

Hoje, sabemos que algumas tribos africanas, que já conheciam as propriedades energéticas do café desde a antiguidade, moíam os grãos da fruta para fazer uma pasta que era utilizada para alimentar os animais e aumentar as forças de seus guerreiros.

Mas a expansão da cultura do café pelo mundo e o conhecimento de seus efeitos, só aconteceram a partir do século 16, quando os primeiros grãos foram levados para a península arábica. Foi nessa época, na Pérsia, que o café passou a ser torrado para se transformar, pela primeira vez, na bebida que conhecemos hoje.

A primeira loja de café surgiu em Constantinopla, em 1475, mesmo sob a rejeição dos árabes, que consideravam suas propriedades contrárias às leis do profeta Maomé. Porém, em pouco tempo, o café venceu a resistência dos árabes e até os doutores muçulmanos aderiram à bebida para favorecer a digestão, alegrar o espírito e afastar o sono, segundo os escritores da época.

A partir de então, o produto começou a se espalhar pelo mundo, acompanhando a histórica expansão do Islã e o desenvolvimento dos negócios proporcionado pela era dos descobrimentos.

Ainda no século 16, o café chega na Europa denominado pela palavra árabe kahwah, do original qahwa em árabe, que significa “vinho”. Por esse motivo, durante muitos anos a bebida ficou conhecida nos países europeus como “Vinho da Arábia”.

Por volta de 1570, o café chegou à Veneza, na Itália. Mais uma vez, o produto enfrentou questões religiosas, pois a bebida era considerada “maometana”, e foi proibida ao consumo dos cristãos. Essa barreira só foi superada após o Papa Clemente VIII provar e aprovar o café, liberando, então, a todo o mundo cristão.

A primeira casa de café da Europa Ocidental foi aberta na Inglaterra, em 1652. Dois anos depois, a Itália inaugurava semelhante estabelecimento e, em 1672, foi a vez de Paris ter a sua primeira casa especializada em café. E foi na França, no reinado de Luís XIV (o Rei Sol), que, pela primeira vez, adicionou-se açúcar ao café.

Após conquistar o mundo Árabe e a Europa, o café partiu para o Novo Mundo. Graças ao sucesso da bebida nos Países Baixos, o café entrou no “catálogo” de produtos da Companhia das Índias Ocidentais e, graças ao dinamismo do comércio marítimo holandês, rapidamente chegou nas Guianas, Martinica, São Domingos e Cuba.

O clima quente e úmido da América logo se mostrou favorável ao cultivo do cafeeiro e, no século 19, a cultura do café ganha as lavouras brasileiras de tal forma que a quantidade produzida faz cair o preço mundial do café, contribuindo para a popularização da bebida, que até então era considerada “um produto de luxo”. Mas isso é assunto para um próximo artigo.

*Rodrigo Araújo é jornalista e entusiasta da cultura do café de especialidade

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